Livro 1 - Conspiração (último arco)
Arco VI - Conspiração
Cap. 52 - Retorno a Cosamhir
Já havia passado duas semanas desde que o grupo deixou
Dagba. Finalmente conseguiam enxergar a grande cidade de Cosamhir no horizonte.
Porém antes de começar a busca pela pedra, eles precisavam
encontrar um médico, principalmente para Thargon e Arwen. Durante todo o
trajeto de volta, Laurëa utilizou o poder de ressurreição do bracelete, porém a
clériga não controlava plenamente a magia e apenas foi capaz de trazer os companheiros
de volta e mantê-los vivos. Entretanto sua força já estava no limite.
-Precisamos andar mais rápido. -falou a halfling sobre a carroça.
-Thargon está piorando.
-O veneno da lâmina de Rathafal ainda está fazendo efeito.
-comentou Albino.
-Não podemos fazer mais daquele antídoto? -perguntou Jacques
sacando a espada negra.
-Não, o veneno já se espalhou demais, outra dose do remédio
iria atrapalhar. -respondeu Vëon. -Infelizmente fiz o meu máximo.
Morn e Albino trocaram um rápido olhar, só tinham uma
alternativa. Eles soltaram os dois cavalos que puxavam a carroça, o elfo montou
um e entregou o outro para Jacques.
-Iremos na frente buscar um médico, encontramos vocês no
meio do caminho.
Os demais concordaram e a dupla partiu velozmente em direção
a Cosamhir.
-Precisarei de uma ajuda feiticeiro. -falou Morn.
Vëon entendeu a ideia do orc. Ele se aproximou do amigo e
sussurrou algumas palavras mágicas. Encantar companheiros era uma magia básica,
servia como uma espécie de motivação extra para seus amigos em uma batalha,
aumentando suas forças e habilidades. O feiticeiro terminou seu encantamento e
o orc parecia ter o dobro do tamanho.
Morn se aproximou da carroça e parou onde deveriam ficar os
cavalos, então amarrou as cordas nos ombros e puxou o pesado veículo com toda
sua força.
Vagarosamente eles seguiram em direção a cidade.
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Assim que chegaram à cidade, Albino e Jacques tomaram
caminhos diferentes na busca por um médico. A cidade estava mais movimentada
que da última vez que estiveram ali, conforme andavam eles abordavam as pessoas
pedindo por um médico.
Não demorou muito para o elfo encontrar o que tanto
procuravam. Ele cruzou a cidade até o local que tinham apontado, lá ele
encontrou uma modesta cabana, até desconfiou ser o local errado, mas decidiu
bater. Um senhor de aproximadamente 60 anos surgiu.
-Em que posso lhe ajudar?
-Meu companheiro está gravemente ferido, precisamos de um médico.
O humano olhou o elfo durante um tempo, parecia desconfiado.
Por fim entrou na cabana e buscou uma maleta.
-Vamos.
Eles montaram no cavalo e partiram em direção ao resto do
grupo.
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Jacques seguia pela praça principal na busca por um médico,
foi quando ele viu a linda garota ruiva cruzando pela multidão. Ele a conhecia
de algum lugar, mas não sabia onde, até que Sardo lhe trouxe a resposta.
-É a garota que está com a lágrima. -falou a voz em sua cabeça.
Era verdade, como ele havia se esquecido de algo tão
importante, aquela era a garota de quem o outro grupo falara na taverna.
-Vamos segui-la. -falou Sardo.
-Mas e Thargon?
-Albino conseguirá encontrar o médico. Não podemos perder a
chance de descobrir onde eles estão escondidos.
Sardo estava certo, se a deixassem escapar eles teriam que começar
as buscas do zero pela joia. Albino com certeza encontraria o médico. Decidiu então
seguir a garota.
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Uma hora depois.
Ele abriu os olhos com certa dificuldade, sentia como se
tivesse dormido por anos. Seu peito doía demais, seu coração batia de forma descompassada
como se não estivesse acostumado a bater. Ele colocou a mão no peito, como se
tentasse acalmar os batimentos, mas então sentiu a cicatriz.
No mesmo instante as imagens saltaram em sua cabeça, a
batalha contra o elfo, a lâmina negra atravessando seu peito e a vida lhe
abandonando. O guerreiro deu um salto na cama, como que esperando um ataque
iminente. Mas um idoso se aproximou dele.
-Calma aventureiro, deite-se e descanse, está a salvo.
-Onde estou? -perguntou Thargon.
-Ah, vocês estão em Cosamhir. -respondeu o humano enquanto
amassava algumas folhas.
-Eu estava morto.
-Ah, estava sim. Incrível o bracelete daquela garota, mas não
apenas a joia, se ela não fosse forte suficiente eu duvido que pudesse trazer
ambos de volta.
-Ambos?
-O druida, mas acho que você morreu antes e não sabia. -riu
o velho. -Fique calmo, ele apenas quebrou o pescoço, isso é fácil de reparar. –ele
então ficou sério. -Seu caso foi mais difícil capitão, seu peito foi perfurado
por uma lâmina envenenada, lhe manter vivo deixou a halfling e o gênio
exaustos.
Thargon ficou em silêncio, as palavras do humano lhe
assustaram. O médico percebeu seu erro e tentou acalmar o minotauro.
-Calma meu caro, eu lhe conheço sim, mas como disse antes: você
está a salvo.
-Como sabe de meu passado?
-Ah, Kagett ficou muito complicada depois da morte da
sacerdotisa. Alguns moradores fugiram de lá, muito vieram para o reino de
Tyrondir, como aquele louco que encontraram. -o humano caminhou até a estante e
retirou um livro que parecia novo. -Este aqui está sendo escrito por mim, contanto
sobre essa revolta dos minotauros, eu o chamo de Guerras Tauricas.
Thargon permaneceu em silêncio, aguardando a história do
velho.
-Sabe capitão, durante minha vida ouvi várias histórias, mas
a minha favorita é o conto que escutei de um bardo sobre o bravo soldado que
tentou defender a senhora de Kagett e acabou expulso pelo seu povo.
O minotauro encostou sua cabeça no travesseiro e escutou
pacientemente a bela história do velho.
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Eles já estavam seguindo a garota a quase duas horas pelas
ruas da cidade.
-Cosamhir não é tão grande assim. -comentou Sardo.
-Como assim?
-Ela não parou em nenhuma loja ou taverna. Tenho certeza que
sabe que está sendo seguida.
Pela primeira vez Jacques pensou nisso. A garota andava pela
cidade tranquila, dobrava as esquinas aleatoriamente. Seria alguma armadilha?
Mas ela não parecia carregar nada além do delicado banjo preso as suas costas.
Com esses pensamentos em sua cabeça o garoto dobrou a
esquina e percebeu que estava em um beco sem saída.
-Vadia! -gritou Sardo. -Rápido, nas costas.
Jacques se virou rapidamente, mas a garota já estava com o
punhal apontado para seu peito.
-Quem é você? Porque está me seguindo?
Sua voz era delicada e suave, era a mais linda que ele já
escutara, nem a doce voz da deusa Tenebra era tão perfeita quanto a dela. A
garota estava tão próxima, era a primeira vez que ele reparava nela, era
baixinha, pouco mais de um metro e meio, mas não era uma anã e nem uma
halfling, ela era humana, apenas baixinha, delicada. Mas seu rosto era decidido,
firme e extremamente belo. Seus olhos eram sem dúvida sua maior marca, a dadiva
que apenas aqueles nascidos em Collen são capazes de ter, olhos diferentes. O
direito era lápis-lazúli, com vários pontos prateados, parecido com o céu, Jacques
seria capaz de perder o tempo contanto cada uma daquelas estrelas. O olho
esquerdo era verde, um verde poderoso como as florestas de Alihanna, ao redor um
delicada aureola dourada delineava a íris, dando um certo ar angelical. Tudo
isso somado aos volumosos cabelos em chamas, transformavam ela no mais perfeito
ser que o jovem ladino já vira.
-Não vou repetir maldito, quem é você?
Sua voz trouxe o garoto de volta de seus pensamentos, ele não
sabia o que responder.
-Não estou lhe seguindo, não se ache. Apenas entrei na rua
errada.
-Mentira, eu sei que você estava na taverna a um mês atrás.
-ela guardou seu punhal. -Também sei que você faz parte do grupo daquele orc.
Jacques deu um passo para trás, em sua cabeça Sardo soltou
um palavrão, aquilo era mesmo uma armadilha? Então a guria abriu um sorriso que
simplesmente desarmou qualquer dúvida na cabeça do aventureiro.
-Eu me chamo Tarlian e estive procurando por vocês durante
todo esse tempo.
Continua...
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N/R: Olá caros leitores de BdNM.
Como vocês podem ver ao lado do nome do livro, chegamos enfim ao último arco deste primeiro livro. Faltam apenas 7 capítulos.
Bem, vou deixar para vocês o conto que o velho médico comentou neste capítulo. Essa história é na verdade um especial que eu escrevi uma vez e publiquei aqui (e em mais dois blogs de uns amigos). Esse conto nos apresenta o passado de Thargon e como ele foi expulso do exército de Tauron.
Quem quiser dar uma lida pode clicar aqui, é um spin-off de apenas uma parte e se chama "O Exército de Um Minotauro Só".
Quem quiser dar uma lida pode clicar aqui, é um spin-off de apenas uma parte e se chama "O Exército de Um Minotauro Só".
Até semana que vem. o/
Haag
Falta pouco agora né :D
ResponderExcluirBeijos.
http://livrosleituraseafins.blogspot.com.br/
Que chique *-*, tem ate spin off(mesmo que eu tenha achado ele pequenininho :s ) ...
ResponderExcluirOdeio quando o capitulo termina em uma situação como essa(o que acontece regularmente/sempre).
Da ate pra imaginar a cena como se fosse um filme/seriado, e viesse aquela bomba segundos antes de terminar os créditos...