Livro 1 - Conspiração
Arco III - A Bela e o Prisioneiro
Cap. 24 - O Demônio Cavendish
Eles seguiram pela escadaria por quase duas horas, até que
finalmente puderam visualizar o famoso mercado negro de Vectora. Mas não era um
simples mercado, aquilo era uma gigantesca cidade, comparável a grandes metrópoles
como Valkaria e a própria Vectora.
-Por Tauron, existe uma cidade embaixo de Vectora. -exclamou
Thargon. -Como que a milícia não encontrou isso ainda?
-Não encontrou ou não quis encontrar. -falou Laurëa.
-Tem razão, imagine quando dinheiro rola aqui embaixo, fora
das leis de Vectora. -concordou Morn.
-Como iremos encontrar nosso alvo? -perguntou Arwen. -O lobo
está completamente perdido, ele não vai conseguir rastreá-lo.
-Pra que serve esse teu lobo? Por que até agora ele foi mais
inútil que esse minotauro. -falou o meio orc arrancando risadas dos
companheiros.
Gwenh permanecia em silêncio, contemplando suas novas armas.
Ele finalmente as tinha achado, como ela havia dito que aconteceria.
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Estalagem do Unicórnio Sem Chifre.
De repente ele acordou. Parecia que havia dormido por eras.
Por baixo das cobertas sentia que estava nu, mas não se
lembrava de ter tirado suas roupas. Para ser sincero, não lembrava nem mesmo de
como tinha chegado ali. Onde quer que fosse o ali.
Levantou-se da cama, olhou para o pequeno quarto,
provavelmente estava em alguma estalagem barata. Caminhou lentamente até o
banheiro, sua cabeça estava confusa, alguns flashes apareciam vez que outra
mostrando um palhaço e alguns personagens de circo. Lavou o rosto como se a água
pudesse limpar suas ideias também.
Mas ao levantar a cabeça ele teve sua maior surpresa. Diante
dele estava um espelho que refletia o rosto de humano com a barba por fazer, o
cabelo bem cortado com maquina e lindos olhos verdes. Duas incríveis cicatrizes
se destacavam: uma no lado esquerdo da face que ia desde a ponta do olho até
dentro da barba. A segunda era uma cicatriz tripla que atravessava todo seu
peito, como se ele tivesse sido ferido por uma poderosa garra. Porém tudo
aquilo que ele via no espelho lhe era estranho. Era como se ele olhasse por uma
janela e visse outra pessoa, não um reflexo de si mesmo.
Resolveu sair e buscar por informações, vestiu a roupa que
estava em cima de uma cadeira. Uma calça escura, botas pesadas, uma camiseta de
malha e uma incrível jaqueta feita com o couro de um dragão verde. Todas as
roupas lhe serviram perfeitamente, o que significavam ser dele.
O humano desceu as escadarias até o salão principal com
bastante dificuldade, como se não conseguisse controlar seu próprio corpo. Ao
chegar na sala ele encontrou a porta que levava para rua, mas no caminho havia
um balcão onde um velho entregava as chaves, foi quando se deu conta que não
tinha o dinheiro para pagar pela estalagem, então como faria para sair?
-Ah, vejo que já está bem melhor senhor Sardo. -falou o
humano.
Sardo? Esse nome não lhe trouxe nenhuma recordação.
-Vejo que continua sem memória, que pena, estou torcendo
para que a recupere logo.
-Muito obrigado. -respondeu Sardo, talvez ali ele conseguisse
alguma resposta. -Desculpe, mas minha cabeça não esta bem e eu não me recordo
do seu nome.
-Nem poderia, foi meu irmão que lhe atendeu ontem. -riu o
velho. -Mas ele me avisou sobre você, e pediu para lhe informar que seu
dinheiro foi levado para nosso cofre, assim como suas armas.
-Perfeito, vou dar uma volta e depois volto para buscar.
-finalizou o humano que deu meia volta e saiu pela rua.
Parecia estar em uma espécie de cidade subterrânea, pois
onde deveria estar o céu, havia um teto de pedras perfeitamente trabalhado. Vários
postes com tochas iluminavam as ruas de modo que nem se notasse a ausência do
sol.
As suas costas havia certo alvoroço, parecia que um circo
estava lá. Ele se lembrou de seus sonhos e achou que era melhor evitar circos, então
partiu na direção contraria.
Sardo seguia pelas ruas tão maravilhado com tudo que via,
que não foi capaz de perceber a figura que o seguia pelas sombras.
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O grupo já estava caminhando pelas ruas do mercado a mais de
duas horas e nenhuma pista. Laurëa então sugeriu que eles fossem a tavernas e
hospedarias buscar informações, mas após passar em alguns locais e não obter
nenhuma resposta, o grupo já demonstrava certo desânimo.
-Tem uma estalagem nesta rua. -falou Gwenh. -Acho que só
falta ela e mais duas tavernas.
-O que é aquilo? -perguntou Arwen apontando para um
aglomerado de pessoas.
-Parece ser um circo ou algo do tipo. -respondeu Morn de
modo preocupado.
-Vai me dizer que tem medo de palhaço. -provocou Thargon, mas
então ele percebeu que os companheiros estavam todos sérios.
-Quem nos contratou era dono de um circo. -lembrou Gwenh. -E
nosso alvo era funcionário dele.
-Apenas coincidência. -falou Laurëa seguindo em direção à
estalagem.
Eles entraram na estalagem do Unicórnio Sem Chifre, era
pequena e no meio do saguão principal havia um balcão onde um senhor anotava
todos os seus clientes. Gwenh se aproximou para puxar conversa:
-Yo velho, estamos procurando por um amigo desaparecido, o
nome dele é Sardo. -falou o elfo mostrando uma foto do humano,
-Ah, senhor Sardo. Ele realmente está em nossa estalagem.
-disse o humano. -Ele está com amnesia e parece não se lembrar nem de ter nos
pago ontem.
-Sabe me dizer qual o quarto dele? -perguntou Arwen.
-Posso, mas ele não esta lá não, faz mais de uma hora que
ele saiu.
-Para qual lado? -perguntou o druida. -Ele seguiu em direção
ao circo?
-Não não, muito pelo contrário, ele pareceu assustado e
seguiu para o outro lado.
O grupo se olhou e partiu em direção a rua. A pista era boa
e eles não podiam perder.
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Depois de meia hora eles chegaram na entrada de um túnel
onde havia uma placa com os dizeres "Saída Leste: Bairro Bara".
-Droga, só falta ele conseguir escapar. -reclamou Morn.
-Acho que não. -comentou Gwenh. -Ele ainda esta ai, e não
está sozinho. Estou certo, não é? -gritou o elfo.
De repente eles começaram a escutar o barulho de palmas e o
som de passos caminhando em sua direção. Por algum motivo as tochas do túnel
estavam todas apagadas, o que impedia a visão do que acontecia lá dentro. Mas
eles não precisaram esperar muito, pois de dentro do túnel surgiu um garoto
humano de aproximadamente vinte anos, nas costas ele carregava um corpo
amarrado. Ao chegar próximo ao grupo ele arremessou o corpo desacordado no chão,
foi quando todos reconheceram o prisioneiro. Sardo estava visivelmente
machucado e sem os sentidos.
-Parabéns elfo, até que você é bom como me disseram. -falou
o garoto brincando com uma adaga.
-Alguém falou de mim para você? -perguntou Gwenh com certo
cuidado, a aura que aquele garoto transmitia era horripilante.
-Se você me derrotar eu lhe conto. -riu o jovem enquanto
lambia sua adaga, sua cara era assustadora.
Um barulho fez com que todos se assustassem, Morn havia
deixado seu machado cair. A cara do orc era uma mistura de espanto e pavor.
-Vo-vo-você é ele.... Você é o...
-Ora, você me conhece? São poucas as pessoas vivas que me
conhecem. -riu o humano
-Você é Sean Cavendish. -falou o orc tremulo. -O escolhido
de Hynnin, conhecido pelo reinado como...
-Demônio Cavendish. -finalizou Gwenh com um sorriso maldoso
no rosto.
-Muito prazer. -falou Cavendish com uma reverencia
exagerada, sem tirar os olhos dos aventureiros. -E então... quem vai ser o
primeiro a morrer?
Continua...
Final eletrizante como sempre! O que será que vai acontecer com esses guerreiros? Fiquei curiosa. E esse Cavendish? Muito suspeito esse homem. Aguardando mais :)
ResponderExcluirAbraços,
Raquel.
Sean Cavendish, humano, entre 18 e 22 anos, 1,80m de altura e 75kg, cabelos castanhos cortados até a altura da orelha. Cruéis olhos castanhos e uma boca que maior parte do tempo esta distorcida por um sorriso maldoso.
ExcluirEsse é o Demônio Cavendish, um "ladino" que trabalhava em um circo itinerante, mas que após matar quase todos os seus companheiros (e alguns expectadores) foi expulso do grupo.
Ele vagou por anos matando pessoas a seu bel-prazer. Não importava se eram bandidos, militares, paladinos ou até mesmo reis.
Nunca matou ninguém por ordens de outro. Não, Cavendish não trabalha para ninguém, apenas para si próprio.
Sua fama de louco e perigoso atravessou todo o reinado e chegou aos ouvidos de Hynnin, o deus da trapaça. Hynnin abençoou Cavendish como um de seus escolhidos. Mas o que significa ser um "escolhido dos deuses"??
O fato é que Cavendish fez seu nome, antes mesmo de Hynnin colocar os olhos no garoto. Talvez o deus da trapaça apenas queira se aproveitar da fama do jovem para aumentar seus adoradores. Quem sabe. :P
Mas me responde agora: vc ainda acha ele suspeito??? hahahahhaha
Abraços
Eu ia dizer que não, mas ainda é, o que leva esse homem a matar tantas pessoa?! Coisa de louco hahahaha e esse deus da trapaça é outro que não deve ser muito normal! Cada um deve ter seus motivos, ou talvez não. hahaha
ResponderExcluirVai saber o que se passa na cabeça desses deuses. :P
ExcluirOs deuses tem as suas excentricidades, isso é retratado em quase todas as obras, mas ainda assim algumas coisas chegam a impactar!
ExcluirCaramba! Ótimo capítulo! Esse Cavendish movimentou bem a história. Gostei muito do suspense, aguardo os próximos capítulos.
ResponderExcluirParabéns!
Muito obrigado Ygo,
ExcluirDois personagens novos entraram neste capitulo, mas acho que o Cavendish acabou ofuscando a entrada do Sardo. :P
A trama finalmente esta deslanchando, o próximo capitulo com certeza vai colocar minhocas na cabeça dos leitores. :P
Abraço
rsrs
ExcluirOfuscou mesmo.
Opa! Vou acompanhar, com certeza. Aguardo essas "minhocas". Fiquei curioso agora. O que será?
Abraço!
Ótimo desfecho Haag, estou no aguardo para ver muito sangue no próximo capítulo e rever em breve meu querido Veon =D
ResponderExcluirOs próximos dois capitulos vão mexer com tudo o que vocês já devem ter "formulado" da história. hahahahahahhaha
ResponderExcluirFaltam apenas mais 8 capitulos para terminar esse arco, e ainda falta muita coisa acontecer. :P