Livro 1 - Conspiração
Arco III - A Bela e o Prisioneiro
Cap. 14 - A Toca da Cobra
Rio Kaerunir, quinta hora do primeiro sol.
O grupo estava em um barco subindo o rio em direção aos
Bosques de Farms. A travessia de barco era cara, mas mais segura e rápida do
que atravessar a Planície dos Kobolds e a Floresta de Allihanna.
Gwenh ainda não conseguia confiar em seus novos
companheiros. Laurëa era muito séria e misteriosa, pouco falava. Já Thargon era
completamente o oposto, não calava a boca. Agora o minotauro estava reclamando
que o grupo não tinha parado para beber na famosa estalagem do macaco caolho em
Malpetrim.
-Ei Gwenh, quanto tempo até chegarmos ao bosque? -gritou o
minotauro.
-Mais uma hora. -respondeu Laurëa.
-Não, isso é muito tempo, não aguento mais ficar nesse
barco, deveríamos ter ido pela floresta e chutado a bunda de alguns kobolds.
-E acabaríamos levando mais de um dia de viagem. Totalmente inútil.
-repreendeu a clériga.
-Grande merda, pelo menos seria mais divertido. -finalizou Thargon
de mal humor.
O elfo se sentia uma babá cuidando de crianças mimadas. Isso
não era bom para seus planos. Ainda se Vëon ou Morn estivessem juntos, eles sim
eram bons o suficiente, aqueles dois serviam como prêmios decentes. Talvez
fosse melhor esperar um pouco mais antes de agir.
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Aldeia dos Centauros, Norte de Malpetrim, quarta hora do
primeiro sol
-Anda logo Arwen, se aqueles inúteis chegarem no templo de Sszzaas
antes da gente, eu juro por todos os deuses do panteão, eu arranco a sua cabeça
e dou para esse teu lobo comer.
-Calma amigo, estou tentando me concentrar e conversar com a
mãe Allihanna. -respondeu o humano.
-Quietos os dois. -falou Odara, xamã dos centauros. -Só lhes
aceitei aqui por pedido de Allihanna. Se começarem a perturbar minha aldeia eu
expulso os dois daqui.
-Isso mesmo, nos expulsa e assim conseguimos chegar primeiro
nas ruinas. -respondeu o bárbaro, mas foi completamente ignorado.
-Por favor xamã, me ensine novamente à oração de Allihanna?
-Certo Arwen, tente se concentrar dessa vez. A deusa esta
depositando muitas esperanças em você. -respondeu Odara com um sorriso que
deixou o jovem druida vermelho.
O orc apenas assistia aquela cena ridícula. Maldita hora em
que decidiu ir pelo meio da floresta achando que seria divertido. Eles deveriam
era ter pegado um barco, assim com certeza teriam chegado antes de Gwenh e seus
companheiros. Agora ele estava ali, olhando para o casal mais estranho do
mundo.
-Céus, como seriam os filhos deles? -pensou o orc já
desanimado.
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Antigo templo de Sszzaas, segunda hora do segundo sol.
-Eu esperava por algo mais assustador. -comentou Thargon
desapontado.
Alguma coisa estava muito estranha ali, Gwenh não conseguia
descobrir qual era o problema por mais que olhasse para aquelas ruinas. Talvez
fosse apenas precaução demais, pensou o elfo.
-Não era para o templo estar desabitado? -falou Laurëa, ao
notar a cara de surpresa dos companheiros a clériga completou. -Vocês não
conseguem sentir essa aura assassina? Não sei se vale o risco entrarmos ai.
Então era isso, pensou Gwenh, como ele não tinha percebido antes.
A aura era muito fraca, quase imperceptível, mesmo assim aquela hafling
conseguiu notar de primeira. Um sorriso se formou no rosto do elfo, talvez esse
grupo ainda valesse todo o trabalho que estava tendo. Ele precisava testar
isso.
-Vamos entrar, talvez encontremos alguma pista. -falou o
elfo.
O grupo seguiu em direção ao templo, Thargon ia na frente
visivelmente empolgado com a chance de lutar, Laurëa estava no meio com sua
espada na mão e por último Gwenh com sua besta engatilhada.
O corredor era escuro, mas não foi necessário acender
nenhuma tocha. Nas paredes haviam desenhos de cobras, Nagahs e alguns humanos
sendo sacrificados em nome do Grande Traidor. Ao final eles chegaram em um espaçoso
salão. Um buraco no teto iluminava grande parte do saguão, entretanto essa
mesma claridade proporcionava algumas sombras que faziam parecer que as
esculturas estavam se mexendo nas paredes.
-Você não falou que tinha gente aqui dentro? -perguntou Thargon
-Mas tem, eu ainda consigo senti-los. -a clériga parecia
confusa. -É como se eles estivesse a nossa volta, mas não tem nada.
-Talvez estejam utilizando alguma magia. -falou Gwenh. -Laurëa,
você consegue dissipar?
-Preciso fazer uma oração para que a deusa abençoe minha
magia, isso pode demorar alguns minutos.
Um movimento nas sombras chamou a atenção de Gwenh. O elfo começou
a se aproximar de um dos pilares, era impressão dele ou aquelas esculturas não
estavam iguais a quando entraram no salão? Eram esculturas de cobras
perfeitamente entalhadas na pedra, cada estátua tinha uma linda pedra no olho,
deixando a obra com um ar mais vivo. Seriam lindas se não fossem tão
assustadoras.
No meio da sala Laurëa começava sua oração enquanto Thargon
a protegia de eventuais ataques. O elfo continuou investigando o local, mas não
encontrou nada que prendesse sua atenção. No final tinha um altar de pedra,
nele haviam escrituras sobre a devoção a Sszzaas e sacrifícios humanos feitos
para o deus da traição. O altar estava coberto de um musgo verde, provavelmente
criado pelo tempo em que o templo esteve abandonado, em alguns pontos o elfo
precisou passar a mão para limpar. Neste momento um pensamento surgiu na cabeça,
como ele não tinha percebido isso antes. Um rápido olhar pelo saguão confirmou
suas suspeitas. O chão, o altar, as paredes e até mesmo o teto estavam
manchados com o musgo verde, menos...
-Rápido Thargon, acenda uma tocha. -gritou o elfo. -São
as...
Ele não foi capaz de terminar a frase pois uma violenta
chicotada acertou seu rosto. Mas não foi um chicote que o acertou, antes fosse,
pois a realidade era pior que isso, na frente deles estavam quatro serpentes
gigantes, cada uma referente a uma das estátuas que antes Gwenh admirara. Elas
deveriam medir uns cinco metros e suas caudas eram afiadas como navalhas. Essa
seria uma luta bem difícil.
O minotauro tentou atacar uma das serpentes, mas elas eram ágeis
e desviavam com facilidade. Após atacarem, elas rapidamente se escondiam na escuridão
esperando nova chance de ataque. Gwenh olhou para o céu através do buraco no
teto, o sol já atingia a cor vermelha e em breve se iniciaria o breu, eles não
iriam sobreviver quando todo o saguão ficasse mergulhado na escuridão. Eles
teriam que fugir dali antes que isso acontecesse.
Laurëa continuava a oração para que sua deusa a abençoasse
com seus dons. Enquanto aquela oração não terminasse a clériga era inútil para
o grupo. Thargon permanecia na frente dela evitando que fosse atingida, mas ele
não aguentaria mais tempo.
-E então elfo, qual é o plano? -gritou o minotauro
Gwenh não respondeu, na verdade ele não sabia o que
responder. Talvez ele conseguisse sair pelo buraco no teto, mas teria que
deixar os outros dois para trás. Não valia a pena morrer ali, isso não fazia
parte de sua missão. Ele também poderia usar sua verdadeira força, mas isso também
iria contra a sua missão. Se ele fizesse isso talvez tivesse graves consequências
quando voltasse para casa. Embora isso fosse melhor que morrer ali, afinal ele
era um dos preferiti e isso tinha que ter algum beneficio. Ele olhou novamente
para o céu, mais alguns minutos e a escuridão chegaria.
E então ele resolveria isso de uma vez.
-Esta na hora, me ajude minha senhora. -sussurrou o elfo
puxando sua espada,
Neste momento uma poderosa explosão de luz tomou conta de
todo o saguão, fazendo com que o elfo perdesse completamente os sentidos.
Continua...
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N/R: Terceiro arco começando galera. \o/
E o N/R voltando a falar sobre o cenário de Arton.
Hoje vou começar a falar um pouco das criaturas que habitam esse mundo. Acho que não preciso falar sobre elfos, humanos, anões e orcs, acho que todos conhecem estas raças. Então vou focar nos mais "diferentes" ou menos conhecidos do povo.
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Nagah |
Vou começar pelas Nagahs. Tem um trecho ali no texto onde é falado delas.
A nagah é uma uma espécie de mulher-serpente (apenas duas vezes encontrei textos com nagah masculina).
Durante anos essa raça foi considerada como um povo honrado e gentil. Por conta de sua inteligência e sabedoria, não era incomum ver uma nagah se tornar clériga de algum deus.
Mas os anos passaram e isso se mostrou uma mentira. Na verdade as nagahs são uma raça cruel e maligna. Filhas de Sszzaas, o deus da Traição, as nagahs eram criaturas traiçoeiras.
Após a queda de Sszzaas, elas foram caçadas e destruídas. Hoje em dia poucas ainda vivem, escondidas do resto da população. Ou sera que estão apenas bolando um novo plano??
Nem os deuses sabem dizer.
Abraços pessoal, até quarta.
Haag
Adorei o capítulo. Começou com o pé direito, sem dúvida. Muito sucesso. Parabéns!
ResponderExcluirA parte que eu mais gostei foi a luta com as serpentes. Foi bem tenso. Terminou o capítulo com um excelente gancho para acompanhar o próximo. Fiquei curioso para saber o que vai acontecer com o elfo depois que ele retomar os sentidos (se retomar).
ResponderExcluirAbraço!