Livro 1 - Conspiração
Arco II - Mercado dos Goblins
Cap. 08 - O Mercador Anão
Vilarejo de Koonji,
segunda hora do breu.
O grupo havia decidido
que partiria ainda durante a noite em direção ao mercado dos goblins, menos Jacques
que parecia temeroso. Seguiram todos em direção à taverna para comprar alguns
mantimentos e depois partiriam em sua jornada.
Porém ao chegarem à
taverna encontraram novamente com Çaesar. O velho parecia os estar esperando
com algumas sacolas de mantimentos:
-Tomei a liberdade de
pedir ao taverneiro que separasse algumas especiarias para vocês.
-Achei que tão cedo não
o veríamos novamente. -falou Morn.
-Ah, eu também. -riu o
velho- Mas lembrei de que precisava ter uma conversinha com você, senhor Morn. Poderia
me acompanhar ate lá fora, é meio particular.
O velho se dirigiu a saída
seguido pelo meio orc. Levou apenas cinco minutos para que Çaesar voltasse para
dentro da taverna, sozinho.
-Desculpa, mas vocês
precisaram seguir sem a presença do senhor Morn por um tempo. -disse sorrindo
-Onde esta o orc?
-perguntou Gwenh
-Foi resolver uns assuntos
para mim, nada que vocês devam saber. -respondeu impaciente o velho- Acho que
está tudo preparado para que vocês sigam sua missão.
-Acho que eu não vou
ir -falou Jacques bastante nervoso- Nós quase fomos mortos pelos lobos, e
estamos vivos em parte pela presença do Morn. Sem ele não damos nem para o começo
de uma luta. Já arrisquei minha vida demais, quero aproveitar o dinheiro que
ganhei do conde e ir comprar minhas pistolas em paz.
Ninguém pareceu
surpreso com as palavras do ladino.
-Eu lhe entendo Jacques.
-falou calmamente Vëon- Seguiremos apenas eu e Gwenh, certo senhor Çaesar?
Porém não houve uma
resposta, pois o velho já não estava mais na taverna.
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A dupla já estava
caminhando aproximadamente duas horas, a escuridão estava tão densa que ficava difícil
até mesmo ver as florestas em volta da estrada. Porém o silêncio entre eles conseguia ser pior que o breu. Não
que eles tivessem muito assunto, mas aparentemente as palavras do ladino haviam
atingido ambos de forma muito forte. Vëon sabia muito bem que Jacques estava
certo, ele próprio não acreditou que fosse possível vencer o lobo quando eram
em quatro, imagina agora apenas em dois, eles nem teriam chances.
De repente Gwenh fez
um sinal para que parassem. Vëon nem precisou perguntar o porquê, pois ao olhar
para a floresta eles enxergavam uma fraca luz vinda do interior.
O elfo fez sinal para
que fossem ate lá, conforme se aproximavam mais forte a luz se tornava e um
leve barulho de musica começou a ser ouvido. Quando chegaram a dupla se deparou
com uma cena inesperada: uma festa acontecia no meio da floresta.
Varias carroças
formavam um circulo, dentro dele havia varias tochas e uma poderosa fogueira.
Humanos, anões, elfos e gnomos dançavam e bebiam ao redor do fogo. Próximo a
uma das carroças estava sentado um anão em uma espécie de trono, parecia o mais
bêbado de todos e também o mais alegre. A sua volta tinham três homens, dois
deles humanos e um elfo, mas ao julgar por suas roupas e seus portes físicos não
eram meros viajantes e sim poderosos seguranças. Seria
aquele anão o líder da caravana?
Gwenh fez um sinal
para que se aproximassem em silêncio,
mas antes que pudessem se mexer uma voz chegou grave em seus ouvidos:
-Por que estão se
escondendo?
Ambos procuraram pela
fonte da voz, mas aparentemente ninguém mais havia escutado a pergunta.
-Estão se escondendo
por medo ou por maldade? -perguntou novamente a voz- Se for medo podem se
aproximar e beber, mas se for maldade, sugiro que deem meia volta e sigam pela
estrada que estavam.
Vëon fez um sinal para
Gwenh. O anão parecia normal, rindo e gritando, mas seus olhos estavam
completamente voltados para a dupla. O elfo então se levantou e caminho
diretamente para o anão. Para surpresa de Vëon ninguém pareceu prestar atenção
neles, nem mesmo os seguranças.
Quando se aproximaram,
rapidamente duas cadeiras foram colocadas próximas ao anão, que abriu um
sorriso e falou:
-Por favor amigos,
sentem e bebam comigo.
-Como você pode estar tão
confiante de que não somos inimigos? -perguntou Gwenh
-Vocês se aproximaram,
isso prova que confiaram em mim, logo o mínimo que posso fazer é retribuir. -respondeu
o anão servindo duas canecas de hidromel. -Eu me chamo Lothar, Lothar
Barthofull, um anão mercador da grande cidade de Dorehimm.
Um anão de Dorehimm? Vëon
sabia que anões eram meio pirados, mas os naturais de Dorehimm não tinham o
costume de se misturarem com outras raças de maneira tão extrovertida. Um rápido
olhar para Gwenh demonstrou que o elfo partilhava do mesmo pensamento.
-Então senhor Lothar,
o que seria esse seu grupo? -perguntou o elfo.
-Ah, esta e a Caravana
Mercadora. -gritou o anão, e em resposta todos levantaram seus canecos e
gritaram "viva"- Essa caravana foi criada para que as pessoas possam
viajar de modo seguro através do reinado. Ninguém aqui precisa pagar alguma
coisa, e todos tem o direito de entrar e sair à hora que quiserem do bando.
-Já ouvi falar de vocês,
mas nunca imaginei que o líder fosse um mercador de Dorehimm. -comentou Vëon.
-Muitas coisas aconteceram
nos últimos anos. -o comportamento do anão mudou radicalmente e algumas pessoas
até pararam de dançar- A justiça já não tem mais o mesmo poder que tinha nos
tempos antigos, e até mesmo Dorehimm, lar dos primeiros anões filhos diretos do
deus da justiça Khalmyr, esta começando a mudar.
O anão se calou, ficou
olhando para seu caneco como se ali estivessem todas as respostas. Até mesmo os
mercadores interromperam sua festa e olhavam para o triste líder.
-Aparentemente essa
historia é triste para o senhor, me desculpe por tocar no assunto Lothar.
-falou Vëon.
-Deixe para lá
feiticeiro, não falemos mais nisso. -ele se levantou e anunciou os demais
mercadores. -Se preparem meus amigos, depois de três dias finalmente voltaremos
à estrada, amanhã cedo partiremos em direção ao Mercado dos Goblins.
Todos gritaram
"viva" novamente e a festa recomeçou. Lothar sentou em sua cadeira,
bebeu um gole de cerveja e falou para a dupla de aventureiros:
-Vocês irão conosco.
Os levarei ate o Mercado dos Goblins e lá vocês poderão resolver seu problemas
de modo mais rápido. Só não comentem com ninguém sobre o que procuram.
O anão se levantou e
partiu em direção a uma das carroças. Os aventureiros ficaram em silêncio por
um momento.
-Não me lembro de ter
dito que era um feiticeiro. -comentou Vëon
-E muito mesmo de ter
falado que iriamos para o Mercado dos Goblins. -finalizou Gwenh bebendo sua
cerveja.
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Estrada para o Mercado
dos Goblins, nona hora do breu.
-Corre Kabrock, corre
que ele ta logo atrás de nós. -gritava desesperado o globin
-Precisamos chegar
logo no Mercado, lá dentro estaremos seguros. -respondeu Kabrock
-Sim, precisamos
chegar lá antes que ele nos pegue. Você viu o que ele fez com o primo Kaligrob?
-perguntou o nervoso Gojins
-Eu vi. Nem sabia que
existia vaca daquele tamanho e que soubesse usar um machado.
-Seu idiota, aquilo não
era uma vaca, aquilo era um...
Mas Gojins não
conseguiu terminar, na frente deles estava aquele demônio que destruiu o primo
Kaligrob. Aquele corpo gigantesco, músculos definidos e chifres mais afiados
que o perigoso machado em suas mãos, e para terminar aqueles olhos vermelhos
que mais pareciam brasas.
Um rápido movimento do
machado arrancou a cabeça de Kabrock. Gojins não teve muito tempo para pensar,
ele precisava chegar ao mercado o quanto antes e reunir um poderoso grupo para
acabar com esse monstro.
Rapidamente o pequeno
goblin se atirou para dentro da floresta. De lá ele conseguiu ver o monstro
revirar o corpo morto de Kabrock. Pobre primo, nem teve tempo para reconhecer o
atacante, aquilo não era uma vaca ou um homem, aquilo era um forte e perigoso minotauro.
Continua...
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N/R: Bom dia pessoal, começou o novo arco \o/ E como vocês podem ver lá em cima, já esta disponivel para download o pdf do primeiro arco completo. Totalmente gratuito. Uma chance para quem perdeu algum capitulo ou quer poder ler tudo de uma vez sem ficar procurando pelo blog. :D
Hoje vou lhes contar a história de um dos maiores simbolos de Arton: a estatua de Valkaria.
A estatua fica no centro da cidade de mesmo nome. Na verdade a cidade (e todo o Reinado) foi erguida aos pés da estatua da deusa da ambição e mãe dos humanos, pois os antigos acreditavam que aquele era um presente da deusa para os refugiados de Arton Sul (em outra aula conto isso).
O que ninguem sabia era que na verdade aquela estatua era a própria deusa aprisionada.
Anos antes, Valkaria e mais dois deuses, Tillian (pai dos Gnomos e deus da invenção) e o Terceiro, se rebelaram contra seus irmãos deuses e tentaram usurpar a liderança de Khalmyr. Porem foram facilmente derrotados e cada um sofreu uma punição.
Tillian perdeu seus poderes e sua imortalidade, sendo condenado a vagar pelo mundo como um reles mortal (hoje ele é visto como um mendigo louco que chora todo dia aos pés da estatua). O Terceiro foi condenado ao esquecimento, tudo que dizia respeito a esse deus foi esquecido a ponto de nem seu nome ser lembrado mais.
Mas a pior sentença foi a de Valkaria. A deusa foi condenada a prisão em forma de estatua até que um grupo de herois conseguissem vencer os desafios dos 20 deuses e por fim liberta-la da prisão. Mas quais as chances de reles mortais insignificantes conseguirem vencer 20 masmorras criadas pelos deuses??
Mas Valkaria acredita em seus filhos. Afinal, foi ela que os criou e lhes deu o maior presente de todos: a ambição para superar os deuses.
Enquanto o dia da libertação não chega, Valkaria continua em sua prisão aguardando pacientemente por seus herois.
Por que estamos em Arton, o lugar onde até os deuses precisam ser salvos de vez em quando.
Vou me despedir deixando vocês com uma imagem da estatua da deusa. Essa foi a primeira imagem que conheci de Arton, e me marcou demais.
Abraços.
Quero saber o que Morn vai aprontar.
ResponderExcluirJacques covarde, mas algo me diz que ele volta depois.
Gostei do Lothar.
Cada vez a história está mais misteriosa.
Como eu já havia falado antes, o Vilarejo Koonji foi na verdade apenas uma aventura para reunir o grupo.
ExcluirClaro que a história principal já começou la, mas de modo sutil.
Agora que realmente pega fogo. Até o final do Mercado dos Goblins misterios vão ser revelados e novos vão brotar.
Intrigas e conspirações, mortes e vidas vão se misturar em um ritmo alucinante.
Agora da pra dizer: começou Batalhas do Novo Mundo.
Gostei do começo do novo arco... mas já senti falta de Morn haha, pelo visto nesse arco que o bixo vai pegar...
ResponderExcluirExatamente.
ExcluirMorn vai demorar um pouco até voltar, mas vou confessar algo:
Estive lendo tudo que já escrevi até agora (já tenho escrito até o 25) e ele realmente faz a diferença. hahahahahaha
Mas mesmo assim acho que vocês vão gostar deste arco.
E vão se surpreender com o final dele. :D
rsrsrsrsrsrsrs
ResponderExcluirRi demais.
Imaginei uma vaca gigante usando um machado.
kkkkkkkkkk
Gostei do capítulo.
Parabéns!!!
Abraço.
http://ymaia.blogspot.com.br/
Cada dia me surpreendendo mais com os capítulos, continue assim, pois acho que não conseguirei mais ficar sem ler seus capítulos.
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