— Foi desagradável — Iago disse ao terminar o conhaque que Alethea tinha lhe servido.
Alethea sentou-se ao lado do tio no confortável canapé onde ele tinha se jogado depois que Margarite e Claudete saíram. Ele usara o bloco de desenho dela, mas ela ainda não tivera coragem de ver o que fora desenhado.
Depois do que ele tinha visto pairando ao redor de Claudete, ela sabia que as imagens seriam tristes, até mesmo sombrias. Em vez disso, ela se ocupou em servir uma bebida para ele, na esperança de trazer um pouco de cor de volta às faces do tio. A sua aventura em Londres podia ter sido impulsionada pela melhor das intenções, mas estava se mostrando cheia de armadilhas que ela não tinha previsto.
— Talvez devêssemos nos afastar — ela disse. — O aviso já foi dado. Acho que chega, não acha?
— Não, e no seu coração, você sabe. Você tinha razão em dizer que agora é sua responsabilidade. — Iago soltou um meio sorriso e fez um afago nas mãos dela, que jaziam cruzadas sobre o colo. — Eu estava preparado desta vez, mas você precisa me dar alguns momentos para suportar a fraqueza causada pela provação. E as duas juntas foi uma provação muito dura. — Ele balançou a cabeça. — É um pecado ter tanta beleza encobrindo tanta maldade. A perversidade que está encerrada dentro daquelas duas deveria dar algum sinal da sua presença, e não apenas para pessoas como nós.
— Como uma verruga enorme, talvez — ela murmurou e ficou feliz ao ver Iago rindo. — Por que elas estiveram aqui?
— Não quero parecer convencido, mas Margarite me quer.
— Ah, claro, e ela não é do tipo que gosta de ouvir não ou de ser ignorada. Por um momento, fiquei com medo de que elas soubessem sobre nós.
— Não, pois, se soubessem, não correriam o risco de se aproximar tanto.
— É verdade. Você acha que Margarite poderia representar algum perigo para você?
— Ela está com raiva, portanto é bem possível, mas estou ciente da ameaça que ela representa para mim e para os outros. Temos que seguir nisso até o fim, Alethea. Você sabe disso tanto quanto eu. Você mesma disse. As suas visões lhe pediram isso, e o que vi com relação a essas duas mulheres me leva ao mesmo caminho. Qual a utilidade de tais dons se eles nunca forem usados para algo que valha?
— E usá-los contra os inimigos do país certamente vale a pena. Sei disso. Só não imaginei que o perigo que vi atingindo Lorde Redgrave poderia tentar atingir você também. E a mim.
— Não estou tranquilo em saber que você também está em perigo, mas farei o possível para minimizar tal risco. Creio que nós dois estaremos bem preparados. Apesar do desconforto, aqueles lordes acreditaram em nós, e eles são espertos o suficiente para perceberem que nossos talentos especiais podem ser úteis. — Iago se levantou. — Logo nossos aliados relutantes chegarão, e quero mostrar a eles uma lista que fiz na noite passada.
— Uma lista do quê?
— Dos homens que sei que compartilharam as camas de Margarite e ou de Claudete. Desconfio que eles já devam ter tal informação, mas nunca se sabe.
Antes que Alethea pudesse perguntar como Iago tinha descoberto tudo aquilo, ele já tinha se retirado. Ela suspirou e se largou no sofá. Era ingenuidade ter imaginado que bastaria avisar Lorde Redgrave e que ele simplesmente iria lhe dar atenção e então a sua parte nisso tudo estaria encerrada. Seu tio parecia satisfeito por poder participar da batalha secreta contra os inimigos da Inglaterra, mas ela se arrependia amargamente por tê-lo envolvido na confusão.
Se fosse honesta consigo mesma, ela assumiria que também tinha sentido uma dose de prazer, até mesmo excitação, pela chance de ajudar o país. Assim como sentira o mesmo pela oportunidade de se aproximar do Marquês de Redgrave. Havia uma grande possibilidade, no entanto, de que ele acabasse provando ser um perigo bem maior para ela do que para os espiões franceses.
Na primeira vez que colocara os olhos na forma viva e respirando do homem que assombrara seus sonhos por tanto tempo, ela ficou encantada.
Não fosse pela importância do assunto sobre o qual viera tratar com ele em Londres, ela desconfiava que talvez tivesse se desmanchando diante da figura máscula como se fosse uma colegial apaixonada. Quanto mais pensava sobre a sua reação diante do homem, mais começava temer que todos aqueles anos de visões e sonhos tinham sido apenas para conduzi-la a este importante aviso.
Havia, no entanto, uma boa possibilidade de que tivesse passado tantos anos ligada a ele, conectada a um homem que nunca tinha visto pessoalmente e não sabia nada a respeito, porque ele era aquele ao qual ela estava predestinada.
— E esta é uma guinada cruel do destino, se é que existe um — ela murmurou, endireitando a postura e esfregando as têmporas numa tentativa de acabar com uma dorzinha de cabeça que começava a incomodar.
O homem estava muito além do seu alcance. Mulheres muito magras, morenas e com um olhar estranho raramente costumam atrair homens como Lorde Redgrave. Bem, ela tinha seios fartos, capazes de atrair a atenção de qualquer homem, e quadris largos, mas o conjunto da obra era comum como o da maioria das mulheres. Homens como ele eram para as Claudetes da vida, para mulheres belas e vividas. Além disso, ele era um conquistador, um sofisticado sedutor de mulheres. Ela não fazia a menor idéia de como jogar aquele jogo, isso se, por algum milagre, ele quisesse jogar com ela. Se Hartley por acaso mostrasse algum interesse por ela, uma porção sua estava mais do que disposta a ignorar todas as cautelas e permitir que ele a conduzisse pelo caminho do prazer. O problema era que, com seu corpo, poderia ir seu coração. E quando Hartley fosse embora, coisa que um homem como ele certamente acabaria fazendo, ele levaria junto seu coração.
Então, mais uma vez ela refletiu e chegou à conclusão de que, se o destino tinha escolhido esse homem para ela, não havia muito que pudesse fazer a respeito. Só lhe restava fazer o possível para não fazer papel de boba, mas ela desconfiava que isso fosse tudo que iria controlar com relação àquele homem. Podia parecer fraqueza de sua parte se colocar diante do destino com tanta resignação, ela concluiu ao ver um lenço de renda caído no chão, mas por outro lado ela não tinha certeza se restava outra opção senão se resignar. O destino era algo muito forte para se lutar contra.
Gente, ficou tão lindo. Eu nunca li esse livro pq ainda não achei uma promoção legal, mas a capa me deixa com muita vontade de tê-lo.
ResponderExcluirclicandolivros.blogspot.com
As vezes tem na submarino, eu comprei um da série por R$ 10,00 na sub.
ExcluirEu comprei os 3 primeiros livros por 30 reais na Submarino.
ExcluirE valeu muito a pena.
Esses dias eu vi na revista da avon, os 3 por 25. Não preciso dizer que fiquei morrendo de vontade de comprar *-*
ExcluirEu ia comprar a série, mas desisti quando falaram que não valia a pena. :/ Disseram que o livro é apenas uma capa bonita.
ResponderExcluirMas o trecho até que é legalzinho...
http://mondarikc.blogspot.com.br/ (comenta lá)
Eu gosto da série, mas como tudo depende do gosto, mas ele não é só uma capa bonita.
ExcluirAdorei o trecho.
ResponderExcluirAcho que tu deveria morar na minha cidade, para me emprestar livros :D
Eu também acho, eu posso ter esse livro, mas a Cath tem uns livros muito bons, sou louco para pegar um monte emprestado KK
ExcluirBate aquiii o/
ExcluirEu adoro esse livro. Apesar de que da série eu prefiro mil vezes o primeiro. Mas amo esse trecho também.
ResponderExcluirSou louca para ler este livro, principalmente por causa da capa, que é linda!
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