- Oh, claro
que não. Não tem
problema. Há quanto tempo seu
filho está cego?
A mulher novamente olhou o
tapete. Ela explicou.
— Só dois meses. Foi um acidente num salto a cavalo... Tristan não falará com nenhum especialista. Na realidade, nega-se a fazer qualquer
coisa. Pensei que se tivesse alguém de sua idade, só para convencê-lo um pouco,
seria melhor.
Gritei. — Ele tem dezoito?
Escutei o som de dois garotos rindo
no final do corredor. Deu-me um nó na
garganta ao pensar. Exatamente o que eles excluíram desse anúncio?
Notando minha expressão, a Sra.
Edmund disse rapidamente. — Não se preocupe, eu cuido
da Marly e do Chris. — Sua voz elevou-se
ligeiramente. — Devem permanecer na cozinha, queridos! — depois que o riso afastou-se, ela suspirou. — Amy, posso pagar-te $10 por hora.
Ver um menino recém-cego e de minha
idade?
Comecei a mover minha cabeça. — Não
sei...
— $20 por hora! — gritou a Sra. Edmund. — Por favor, é a única
garota que veio.
Provavelmente era a única que
não tinha se interessado pelos detalhes antes do tempo... Mas $20!
Rapidamente fiz as contas: $20 por 40 horas = $800 em uma semana!
3.200 em um mês! Uma loucura. Esta é minha oportunidade perfeita! Com todo esse dinheiro, poderia pagar meu
dormitório em Evanston!
Com meus olhos brilhando,
disse: — Sim, eu aceito.
De repente, escutei pequenos
pés batendo pelo corredor. A Sra. Edmund pulou e gritou. — Por favor, não incomodem seu irmão! — Mas já era
muito tarde. No momento em que chegamos
ao corredor, os dois
meninos tinham se
precipitado voando pelas escadas e desaparecendo pela esquina.
— Mamãe conseguiu
uma babá para
você! Ela teve que
pagar a ela
uma tonelada para que ficasse!
Quando alcançamos o segundo piso,
o menino já tinha apertado sua boca contra a rachadura de uma porta fechada e estava
fazendo justamente o que sua mãe tinha dito para que não fizesse,
claro. Tens que amar as crianças. Ele parecia que tinha nove anos, com uma nuvem
de cabelo loiro. A menina, que parecia ter
aproximadamente cinco anos, ajoelhou-se junto a ele. Ela me olhou por debaixo
de sua explosiva franja de cor castanho-clara e rapidamente começou a chupar o dedo. Às vezes tenho esse efeito nas crianças.
— Chris, vamos, — disse
sua mãe com
tom severo. — Disse-lhe que
deixasse seu irmão em paz.
— Awww, mamãe! — O garoto levantou a vista da porta, enrugando o rosto em uma careta.
— E Marly, querida, — disse a Sra. Edmund em tom suave.
— por favor, tire esse dedo da
boca. Lembra que conversamos sobre como
as meninas grandes
não chupam os dedos?
Marly assentiu e lentamente
tirou o dedo infrator de sua boca.
— Christopher John, vá para seu quarto. — A Sra. Edmund
dirigiu-se a seu filho, que estava ocupado examinando-me com seus penetrantes olhos
azuis.
Chris arrastou dramaticamente
seus pés e, lançando um casual: — tudo bem, — por cima do ombro, retirou-se ao final do corredor. Sua irmã correu
atrás dele.
A Sra. Edmund sorriu e logo se
voltou. — Vou deixa-los sozinhos.
A quem? A mim e a porta? Sim,
nos unimos muito bem. Franzi a testa e, antes que
pudesse fugir, perguntei: — É, onde está Tristan?
Ela riu suavemente, como se
minha pergunta fosse boba. — Oh, ele está ali. É um
guarda roupa. Tem...
— parou, como
se as palavras
tivessem ficado trancadas
na garganta. Depois de um momento, concertou-as. — Bom, tenho certeza que Tristan lhe dirá. Volto para assegurar-me que
estás bem em um minuto.
Por que isso não era tão
reconfortante?
Eu observei enquanto ela fugia
e logo me virei para a porta. Meti um punhado de cabelo atrás
da orelha, um
dos meus hábitos
nervosos, e coloquei
minha mão na maçaneta da porta. Apertei os dedos,
tentei dar a volta. Não aconteceu nada. Minha mente lentamente
chegou à causa
óbvia: tinha fechado
a porta. Tinha
fechado a porta! Esperava-se
que eu virasse babá de um garoto de dezoito anos de idade, cego e rico e ele
tinha se fechado em um armário! Honestamente.
Lembrei-me de
uma vez que
tive que convencer
uma menina, que eu
estava sentada debaixo de sua cama,
para dar-lhe um
banho. Levara uma
hora e uma bolacha Oreo. Isso não era uma lembrança tão reconfortante, mas fiz
exatamente o que tinha feito com ela, bom, menos a bolacha. Sentei-me no chão e
comecei a falar.
— Acho que tem ouvido falar de
mim. Sou Amy Turner. Escuta, por que não sai para que possamos nos conhecer
corretamente?
Fiz uma
pausa, mas não
houve som, nem
sequer um sussurro,
do interior.
Aparentemente meu poder de persuasão
não tinha melhorado milagrosamente.
Virei-me, de modo que minhas
costas estavam contra a porta e, com um baque seco, descansei minha cabeça.
Continuei. — Se quiser, posso só me sentar aqui.
De repente, algo golpeou a
porta suficientemente forte para fazer o som bang! E deu-me um enorme
susto. Depois que meu coração voltara a meu peito, gritei: — Ei, a decisão é sua! Sua mãe vai pagar-me de qualquer forma!
— Para trás!
O grito soou tão perto que
pulei outra vez.
Afastei-me da
porta justamente a
tempo, enquanto se
abria em um
golpe. A figura de
um garoto adolescente
colocou-se em minha
frente. Cabelo loiro
areia escovado sobre os óculos de sol de designer. Com uma das mãos
agarrou o marco da porta e, com a outra, ele estendeu a mão incertamente ao ar.
Antes que eu pudesse fazer alguma coisa,
ele deu um passo à frente e tropeçou em meus amados tênis.
Para meu
ouvido, sua queda
no tapete fora
ensurdecedora. Mas,
surpreendentemente, ninguém veio correndo. Ele
permaneceu imóvel. Passou
por minha mente que
eu o tinha
matado. Matar uma
pessoa cega; é
uma passagem rápida para o
inferno. Deslizei-me para frente e disse sem fôlego. — Tristan, desculpa!
Meu cérebro registrou devagar
que devia ter prejudicado seu orgulho porque ele respirava regularmente. Ele
não falou, mas sua mão estava estendida e apalpou o piso.
Vendo que seus óculos tinham
caído por perto, peguei-os e coloquei-os em suas mãos.
Arrancou-os de mim e,
levantando-se, virou a cabeça enquanto os colocava de novo.
Ele grunhiu. — Afaste-se de mim!
Fiz uma tentativa frustrada de
pegar sua mão e ofereci. — Deixe que te ajude a ir para
seu quarto.
Sentindo meu movimento,
afastou-se de mim e zombou. — Ao menos sabe onde é meu
quarto?
Fiquei pasma,
enquanto ele caminhava
lentamente pelo corredor.
Apoiou sua mão com força contra a
parede e parou no canto, segurando na quina. Então ele se foi. Um
momento depois, escutei
uma porta fechar-se
com um golpe.
Continuei ali parada quieta,
sentindo-me completamente humilhada.
De novo, por
que tinha pegado esse trabalho?
gostei ivu, nao conhecia o livro
ResponderExcluirMais um livro que eu não conhecia, mas q tu me fez sentir vontade de ler
ResponderExcluirAmei a capa, amei o nome do livro e amei o trecho.
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